quarta-feira, 3 de abril de 2019

A Quaresma


O Tempo da Quaresma é para nós Cristãos um tempo de recolhimento interior. É tempo de preparação da Festa mais importante dos cristãos: a Páscoa de Jesus. Por isso mesmo, vivemos este tempo com um sentido de purificação, de sacrifício, de cruz e de ressurreição. Daí a importância do convite que nos é feito todos os anos à vivência deste tempo tendo presente o Jejum, a Esmola e a Oração.
Jesus jejuou durante quarenta dias no deserto, lugar de encontro privilegiado com o Senhor nosso Deus. Certamente já repararam que quando se dá algum deserto na nossa vida, como por exemplo, o deserto de falta de amor, de compreensão, de companheirismo, de fraternidade, de partilha, de oração, de cumplicidade, de reforço positivo (elogios), etc., sentimo-nos um pouco mais “pequenos”, mais “desprotegidos”, mais “isolados”. E é então que nos recordamos que há alguém que nos conhece muito bem e que nos ama incondicionalmente, exactamente como somos, assim tão imperfeitos: este alguém é o nosso Deus.
Jejuar é também recordar as privações por que passam muitos irmãos nossos, pelo mundo inteiro, associando-nos a este deserto por alguma privação que conscientemente nós façamos. Por isto mesmo, somos também convidados à esmola. Ela é reflexo da nossa generosidade mas, para nós cristãos, deve ser um pouco mais que isso. Não deve saber a mão direita o que faz a esquerda, e o seu contrário também, isto é, a esmola é algo que se realiza sem ser anunciado ao mundo, mas no segredo da nossa vida e do nosso coração. A esmola é ainda também uma oportunidade de fugirmos à dinâmica do mundo que nos manda poupar e guardar tudo para o dia de amanhã, recordando que o Senhor nosso Deus é o nosso providente, isto é, que Ele está atento às nossas necessidades e, se permitirmos, ele providenciará o que verdadeiramente precisamos. A esmola é um verdadeiro convite à partilha.
Por fim, mas não menos importante, a Oração. É tempo de recordar o caminho para o Calvário e reconhecer que a nossa vida é feita destas mesmas estações da Via-Sacra. Também nós caímos ao longo da vida. Também há quem nos ajude a levar a Cruz como Simão de Cirene. Também há quem nos limpe o rosto ferido da vida ou cansado de chorar (recordando Verónica). Também morremos muitas vezes para nos entregarmos aos outros, colocando-os em primeiro lugar. Tudo isto é Oração quando feito com o sentido de nos associarmos a Jesus, imitando-o no nosso dia-a-dia.

Que este tempo Quaresmal possa ser mais uma oportunidade de encontro pessoal com o Senhor, que nos abençoa e protege.
 Pe. Luís Silva

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