domingo, 3 de abril de 2016

“Felizes os que acreditam sem terem visto” (Jo 20, 29)


    O encontro da comunidade cristã é a maior prova de que Jesus está vivo! 

    Nestes dias em celebramos Páscoa, de forma mais manifestável, como também ao longo de todo o ano, as leituras dos Evangelhos apontam-nos para a ressurreição, passagem da morte para uma Vida Nova. 

    O encontro é essencial para a vivência da ressurreição. Não há vida nova sem encontro e pudemo-lo reconhecer em várias ocasiões na vida terrena de Jesus: o encontro com os discípulos, com a Samaritana, com Zaqueu, com a mulher adultera, com os leprosos, os cegos, as periferias humanas da sociedade… todos conquistaram uma vida diferente porque é impossível ficar indiferente ao olhar, ao aceno, à Palavra, ao toque, ao abraço, à presença: ao encontro com Jesus. A própria cruz ganha nova vida, novo sentido. Se antes era instrumento de morte, após o encontro e o encosto com o Deus-Homem, é transformada em símbolo de amor, de vida, de (ultra)passagem para um patamar mais próximo Deus. 

    Também, é no encontro com Jesus ressuscitado que os discípulos, escondidos, cada qual no seu canto com medo dos judeus, refugiados da fé, pensados julgados pelo engano com a morte do seu Mestre, ressuscitam, depois de terem recebido o Espírito Santo. Sentem-se cheios de coragem que partem, sem medo, na missão da evangelização, difundindo a Boa-Nova a todos os homens. 

    O medo é inimigo da fé e leva-nos à solidão, ao desânimo. Estagna-nos na dúvida, torna-nos incrédulos. Fecha-nos à graça da comunidade, torna-nos ovelhas perdidas, fora do rebanho sem pastor. O discernimento do encontro com o Ressuscitado é pessoal. Cada qual tem o seu ritmo, a sua etapa, o seu caminho. Mas é integrado na comunidade que a bênção do Espírito dá força para agir e liberta o medo, para que possamos contemplar a plenitude da Verdade. É o Espírito que anima cada pessoa e faz-nos sentir Igreja, comunidade, que é o corpo Jesus Ressuscitado. 

    À semelhança de Tomé, que vacilou na fé, necessitou de tempo, de ver e tocar Jesus para acreditar, muitas vezes, na nossa vida, deixamo-nos dominar pela dúvida, pelo desânimo. Mas, do mesmo modo que Jesus, deixando-se examinar, não desistiu de Tomé, até que Tomé dissesse “Meu Jesus e meu Deus”, também Ele não desiste de nós. 

    “Felizes os que acreditam sem terem visto” é uma realidade que estimula quem procura uma fé firme. Quem acredita sem ter visto, vive a alegria pascal a cada instante da sua vida. Se acreditássemos verdadeiramente na ressurreição, a união na Igreja seria mais autêntica, mais forte e muitos dos problemas que ocupam a Igreja não existiriam. Se acreditássemos verdadeiramente na ressurreição, seríamos eternos discípulos da Boa Nova, levando a Luz do Ressuscitado a todas as partes. A notícia da Ressurreição deve ser o centro do cristianismo e é na Igreja que nos brota a força para removermos as pedras dos sepulcros da nossa vida e ajudarmos tantos “Tomés” que ainda vacilam. 

    Procuremos não perder o sentido da novidade radical que é Jesus e que o encontro com Ele seja o princípio da novidade do nosso dia, razão suficiente para vivermos na alegria da eterna Páscoa. Que no nosso interior haja sempre um grito de ressurreição, disponível a dar ao outro. Anunciar a ressurreição de Jesus é anunciar a Sua misericórdia… e tantos são os que precisam deste testemunho. 

Jorge Pinheiro Sousa (Seminarista)

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