Pouco se conhece acerca da vida de São José. Na Bíblia, sabemos que vivia em Nazaré, carpinteiro de profissão e descendente da Casa de David. Foi escolhido para ser o pai adotivo de Jesus e, na Sagrada Escritura, vemos que assume um “quase papel principal”, aquando do sonho da aparição do anjo:
“eis que o anjo do Senhor lhe apareceu em sonhos e lhe disse: «José, filho de David, não temas receber Maria, tua esposa, pois o que ela concebeu é obra do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, ao qual darás o nome de Jesus, porque Ele salvará o povo dos seus pecados. Despertando do sono, José fez como lhe ordenou o anjo do Senhor, e recebeu sua esposa.” (Mt 1, 20-24).
Para além deste episódio, São José aparece nos relatos do nascimento de Jesus, na fuga para o Egipto e na peregrinação a Jerusalém, onde Jesus se perde e é encontrado entre os Doutores da Lei.
Ao lermos os evangelhos, conhecemos São José não por aquilo que ele diz. Aliás, não há falas de São José nas narrativas bíblicas. Conhecemo-lo e caracterizamo-lo pela sua atitude de silêncio, de escuta, de aceitação e obediência.
Embora vejamos, muitas vezes, S. José, representado na arte, como um homem velho, com rugas e barbas esbranquiçadas, ele era um jovem, cheio de projetos, cheio de ideias. Era um jovem apaixonado por uma moça, chamada Maria. Como namorados, decerto, teriam projetos para futuro, para a vida. Tinham planos em comum: casar, ter casa, filhos, tal como todos os namorados apaixonados que sonham formar uma família.
No entanto, São José é escolhido por Deus para a paternidade humana do Menino Divino.
Ele não escolhe ser pai de Jesus. Não fazia parte dos planos deste pacato casal iniciar a vida conjugal com este enorme “problema”, que iria ser um marco na história da humanidade.
Coloquemo-nos na situação de São José. E se o anjo de Deus nos aparecesse e nos dissesse que Deus precisava de nós, para sermos os pais ou a mães do Messias? Qual seria a nossa reação? “Este fenómeno é impensável, impossível”, pensaríamos nós, alegando inúmeras desculpas lógicas e racionais. Exato!
São José e Maria também pensaram assim: “Como é possível?” Foi, e é possível, porque, para Deus, nada é impossível!
São José aceita ser instrumento de Deus. Ele que é exemplo de homem de fé, aceita a vocação e se compromete à vontade do Pai, que o chama a ser esposo de Maria, consagrando-se, totalmente, de forma consciente e voluntária, ao Projeto de Deus, no acolhimento de Jesus como filho adotivo. Ele não substitui a paternidade de Deus, mas aceita ser pai de Jesus por amor e obediência a Deus. Se Deus pediu é porque era importante dar um rosto humano de pai Àquele que iria nascer para nos salvar.
E, após aceitação, não questiona. Mantem-se em silêncio, o que revela uma atitude de confiança em Deus.
A pessoa de São José: a sua fé, a sua missão, o seu carisma, a sua vida, é uma escola para a toda a humanidade: Como exemplo de filho, esposo e de pai, ensina aos casais e aos filhos de hoje o papel importante da família – o berço da fé e do amor, onde a vida, para o mundo, inicia e onde o mundo, para a vida, fundamenta os seus valores.
Numa era global, onde o conceito de família começa a ganhar novos perfis, nunca nos devemos esquecer que é na Família de Nazaré que encontramos o modelo perfeito, de entrega, amor e fidelidade mútuos. E São José, humilde servo da misericórdia de Deus, é inspiração e proteção de todos os que o invocam. Se num dos braços segura o menino Jesus, o outro mantém-no disponível para cada um de nós.
Jorge Pinheiro Sousa - Seminarista
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