Numa forma inicial queremos transmitir que foi novamente com muito agrado que nos entregamos ao desafio, pois como sabemos, uma boa publicidade irá cativar mais jovens e mais pessoas a participarem na Vigília e no dia Mundial da Juventude. O facto do tema de este ano se inserir no Ano Santo da Misericórdia faz com que esta bem-aventurança ganhe ainda mais significado.
Este Jubileu extraordinário tem como tema «Misericordiosos como o Pai» (Lc 6, 36) e propõe-nos que vivamos seguindo o exemplo do nosso Pai que está no céu, que pede para não julgarmos e não condenarmos os nossos irmãos, mas sim que lhes perdoemos e que lhes entreguemos amor sem medida.
“Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia” (Mt 5,7). Ao estudarmos esta Bem-aventurança podemos ver que a Palavra de Deus ensina-nos que a «felicidade está mais em dar do que em receber» (Act 20, 35). Sabemos que o Senhor nos amou primeiro, mas só seremos verdadeiramente bem-aventurados, felizes, se entrarmos na lógica divina do dom, do amor gratuito; se descobrirmos que Deus nos amou infinitamente para nos tornar capazes de amar como Ele nos amou.
A verdadeira misericórdia é gratuita. Vence o mal com o bem. Atrai, não esmaga e não domina. Nunca desiste. Tudo suporta e espera. Na misericórdia está sempre incluído o perdão. A misericórdia de Nosso Senhor manifesta-se sobretudo quando Se debruça sobre a miséria humana e demonstra a Sua compaixão por quem precisa de compreensão, cura e perdão. Em Jesus tudo fala de misericórdia. Ele próprio é a misericórdia. Devemos aprender com Jesus a ser misericordiosos como Ele.
O feixe de luz com o logótipo do Ano Santo da Misericórdia representa a abertura do Jubileu, bem com a abertura das Portas Santas pelas dioceses de todo o mundo. Pretende também representar uma Igreja de portas abertas, pronta a acolher e acompanhar todos que a ela se dirigem. Este feixe de luz com centro no logótipo do Ano Santo pretende que quando olharmos para este cartaz possamos associá-lo sempre a este Jubileu, seja daqui a 5, 10 ou 20 anos.
A imagem geral do cartaz representa a altura bíblica em que colocaram diante de Jesus uma mulher adúltera que, de acordo com a Lei, tinha cometido uma falta que merecia a morte. Para os escribas e fariseus, trata-se de uma oportunidade para testar Jesus e a Sua fidelidade às exigências da Lei; para Jesus, trata-se de revelar a atitude de Deus frente ao pecado e ao pecador. Apresentada a questão, Jesus fica em silêncio durante uns momentos e escreve no chão, como se pretendesse dar tempo aos participantes da cena para perceberem aquilo que estava em causa. Finalmente, convida os acusadores a tomar consciência de que o pecado é uma consequência dos nossos limites e fragilidades: “quem de vós estiver sem pecado, atire a primeira pedra” (Jo 8, 7). E continua a escrever no chão, à espera que os acusadores da mulher interiorizem a lógica de Deus – a lógica da tolerância e da compreensão. Quando os escribas e fariseus se retiram, Jesus não pergunta à mulher se ela está ou não arrependida: convida-a, apenas, a seguir um caminho novo, de liberdade e de paz (“vai e não tornes a pecar” – Lc 8, 11).
É preciso reconhecer, com humildade e simplicidade, que necessitamos todos da ajuda do amor e da misericórdia de Deus para chegar à vida plena do Homem Novo. A única atitude que faz sentido, neste esquema, é assumir para com os nossos irmãos a tolerância e a misericórdia que Deus tem para com todos os homens. Na atitude de Jesus, torna-se particularmente evidente a misericórdia de Deus para com todos aqueles que eram considerados marginais. Os pecadores públicos, os banidos, os transgressores notórios da Lei e da moral encontram em Jesus um sinal do Deus que os ama e que lhes diz: “Eu não te condeno”. Sem excluir ninguém, Jesus promoveu os desclassificados, deu-lhes dignidade, tornou-os pessoas, libertou-os, apontou-lhes o caminho da vida nova, da vida plena. A dinâmica de Deus é uma dinâmica de misericórdia, pois só o amor transforma e permite a superação dos limites humanos. É essa a realidade do Reino de Deus.
Esta mulher adúltera representa todos nós. Jesus ao aliviar o seu sofrimento alivia também o nosso sofrimento. Devemos aprender com Jesus a ser misericordiosos com a pessoa ferida, quer fisicamente como espiritualmente. A misericórdia é atender as necessidades das pessoas e não apenas senti-las. É ver uma pessoa sem alimento e dar-lhe comida; é ver uma pessoa solitária e fazer-lhe companhia; é ver uma pessoa que nos magoou e dar-lhe o nosso perdão. Devemos ser misericordiosos com os outros, porque alcançaremos misericórdia.
Devemos ser misericordiosos porque a prática das boas obras é o grande fim para o qual fomos criados (Ef 2, 10). Devemos ser misericordiosos porque pela prática da misericórdia reflectimos Deus na nossa vida. “Sede misericordiosos como também é misericordioso o vosso Pai” (Lc 6, 36). Aquele que é misericordioso para com o próximo será feliz, pois Jesus disse que “mais bem-aventurado é dar do que receber” (Act 20, 35) e que é bem-aventurado “aquele que acode ao necessitado” (Sl 41:1).
Os escribas e os fariseus iam usar a sua força física para apedrejarem a mulher. Jesus foi mais além. Sem apresentar força física, apenas usou a palavra para alcançar o coração dos que o ouviam. Jesus nos ensina a ser misericordiosos com aqueles que já estão feridos. É fácil bater em quem já está caído. É fácil pisar aqueles que já estão no chão. Os homens arrastaram a mulher adúltera e queriam que ela fosse apedrejada. Mas Jesus, em vez de condená-la, perdoou-a e restaurou-a. Jesus ao fazer isto teve um acto de misericórdia para com a mulher, mas essa misericórdia estende-se a todos nós, pecadores.
No cartaz, como já foi explicado anteriormente, vemos Jesus a escrever na areia. A areia representa cada um de nós. Somos um grão de areia nas mãos do Senhor. Jesus ao escrever na areia está a escrever a nossa história. Às vezes podemos encontrar pedras pelo caminho, mas Jesus vai-nos encaminhando para sabermos mudar o rumo da nossa vida. Deus desafia-nos à superação de todas as realidades que nos escravizam e sublinha esse desafio com o Seu amor e a Sua misericórdia. Convida-nos a despir a hipocrisia e a intolerância, para vestir o amor. É este coração que Jesus nos pede para que sejamos anunciadores da Boa Nova e é este coração que ansiamos ter.
“Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia” (Mt 5,7)
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